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Você se sente digno do prazer e da autorrealização na sua vida?

16/09/2020

Brené Brown, assistente social, “pesquisadora-contadora-de-histórias”, diz em certa ocasião:

"Assumir a nossa história pode ser difícil, mas não tão difícil como passarmos nossas vidas fugindo dela. Abraçar nossas vulnerabilidades é arriscado, mas não tão perigoso quanto desistir do amor, da pertença e da alegria - as experiências que nos tornam mais vulneráveis. Só quando formos corajosos o suficiente para explorar a escuridão vamos descobrir o poder infinito da nossa luz".

É justamente essa nossa vulnerabilidade que garante a conexão, mas também é a que nos coloca numa “sinuca de bico”. Ou seja, em posição de defesa pelo medo de perder a conexão. Paradoxal, não é mesmo?

Nascemos completamente dependentes e vulneráveis. Ganhamos aos poucos autonomia e estabelecemos relações de interdependência na vida adulta. Mas o temor à rejeição pode aparecer quando mostramos nossa vulnerabilidade. E assim construímos crenças que servem exclusivamente para a interdição ao gozo, ao amor e a pertença, atrapalhando nossa vida na realização dos nossos mais profundos desejos. Vou explicar:

Brené Brown, em sua pesquisa, se deparou com esse paradoxo, com o maior medo que podemos ter: o medo da desconexão, o medo do abandono. Ela dividiu dois grupos em sua pesquisa: o grupo das pessoas que possuíam um sentimento de merecimento, pessoas que se sentiam dignas de conexão. Eram pessoas de coração aberto às experiências da vida, ao amor e ao pertencimento porque tinham um ingrediente que as diferenciavam do segundo grupo. Elas tinham coragem de serem imperfeitas! Não tinham vergonha de seus erros ou equívocos. A vulnerabilidade não era um problema para elas, era exatamente a matéria-prima que as faziam ainda mais plenas e conectadas à vida e consequentemente às pessoas.

Enquanto o segundo grupo da pesquisa era composto por pessoas que ao invés da coragem de serem imperfeitas, tinham um forte sentimento de vergonha pela sua vulnerabilidade. A vulnerabilidade para este grupo era motivo de vergonha. Elas tinham medo, muito medo de desagradar os outros, de não corresponder às expectativas das pessoas, principalmente as pessoas que estavam mais próximas a elas. Aprenderam a desenvolver defesas psicológicas para acobertar seus sentimentos e a própria visão de mundo. Aprenderam a “vestir a armadura”. Colocavam máscaras sociais na tentativa de agradar as pessoas em busca de aceitação e reconhecimento. Cada vez que elas reforçavam essa defesa, cada vez mais sentiam-se inseguras, vulneráveis e envergonhadas por não conseguirem esconder seus “fracassos”, seus “erros” e suas imperfeições.

Vivemos numa sociedade moderna intolerante. O contexto sociocultural em que vivemos acaba sendo um prato cheio para atacar a vulnerabilidade das pessoas sem coragem para assumirem a si mesmas em toda sua extensão e concepção. Em contrapartida, para as pessoas com coragem, com coração aberto, as que possuem um senso de merecimento de amor e de pertencimento, toda experiência de vida é motivo de agradecimento. Geralmente elas não se contaminam com prováveis apelos sociais ou familiares. Elas buscam o que acreditam e tem plena convicção de que isto é de seu direito e merecimento. Elas se sentem merecedoras do amor, da pertença, do prazer, pelo simples fato de existirem e de ocuparem um lugar neste mundo.

E para o segundo grupo da pesquisa, o que sustenta a vergonha que traz a interdição ao gozo, à realização e ao prazer na vida?

O que sustenta essa interdição é a ideia da insuficiência. E a base da insuficiência é a própria vulnerabilidade. Portanto, é preciso aceitar a condição humana, ou seja, a imperfeição, a insuficiência, para se conectar à Vida e às pessoas. É preciso ter certa humildade para se reconhecer errante e ainda assim agradecer seus equívocos. Complexo? Nem tanto! Vamos descomplicar:

Se você aceita sua vulnerabilidade e todos os seus tropeços e enganos, você deixa de se sentir insuficiente. E, mais! Você aceita a vulnerabilidade e a acolhe com compaixão e amorosidade. Você percebe que ela não significa fraqueza, muito pelo contrário, significa força. Força de caráter. Significa a possibilidade de reconhecer a luz em meio a escuridão. Se você aceita a sua história de vida e a sua dor, e aceita todos os tropeços e enganos como forma de aprendizado e evolução, você também aceita a luz, a criação, a transformação e consequentemente o gozo em se viver.

Brené Brown alertou: não podemos extinguir uma parte de nós em razão da outra. Se extinguirmos a tristeza, o fracasso, as perdas, a solidão, os medos, extinguiremos também a alegria, o sucesso, as conquistas, a comunhão, a CONEXÃO, a pertença e o amor.

E a conexão pode ser a razão de estarmos aqui neste planetinha chamado Terra! Lembram? Nascemos em grupo, somos seres gregários por natureza. Esta é a razão de tudo: a conexão, a integração. É o que dá propósito e significado às nossas vidas. É assim que somos. Não somos uma ilha.

Então não importam os equívocos de interpretação da sua mente sobre todos os traumas e dissabores vivenciados em sua vida; não importa mais o que seus pais disseram ou deixaram de dizer quando você era apenas uma criança; se atenderam bem ou não às suas expectativas e necessidades. Isso tudo já não importa mais. O que importa é o que você vai fazer com a sua criança carente, desprotegida, desamparada e insegura. É o que você vai fazer com a sua vulnerabilidade daqui em diante. É como você vai tratar a sua vulnerabilidade. E isto fará toda diferença na sua vida!

Volte a se perguntar:

Eu mereço conexão? Eu mereço o amor e o pertencimento? Este prazer e esta realização? Este senso pleno de merecimento? Mesmo que exista algo em mim que me causa vergonha e que se as pessoas descobrirem posso até mesmo não agradá-las, ainda assim me sentirei merecedor dessa conexão? Mesmo diante da minha vulnerabilidade, me sentirei SUFICIENTEMENTE capaz de conectar-me à vida e às pessoas?

Se a resposta for: “Sim”, sou vulnerável, imperfeito, mas sou suficiente com a minha imperfeição. E sou, sim, digno do prazer, do amor e da pertença. Então você terá encontrado o seu caminho, a sua luz, o seu lugar neste planeta e na sua própria vida. Então aprenderá a surfar em ondas gigantes e a boiar nas marolinhas. Saberá flexibilizar e tornar sua vida mais leve mesmo com todas as dificuldades que irá encontrar no caminho.
Pense nisso!

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