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Vencendo a Cultura da Pressa

19/06/2023

O bem mais precioso que temos, a nossa vida, foi sendo transformado num grande “Fast Life”, uma vida rápida, apressada, sem sabor, sem gosto, sem prazer. O Fest Food que prometeu sempre comida rápida, industrializada, “envenenada”, contribuiu para que permanecêssemos sempre prontos para responder a qualquer hora do dia ao trabalho solicitado, à demanda da sociedade. Fomos treinados para estarmos "prontos", vigilantes, para atender a qualquer chamado.
 
Consequências danosas de uma vida no contexto da aceleração:
A vida, vivida neste contexto da aceleração pode chegar ao fim, muitas vezes pelo caminho trilhado na direção do infarto, da obesidade mórbida, do diabetes, das doenças que vão sendo criadas e cultivadas dentro deste cenário onde o corpo grita por socorro, por clemência!
Consequências dessa vida desregrada e sem sentido: câncer levando pessoas à morte de um modo precoce (jovens estão morrendo por conta dessa doença), infartos em adolescentes, morte súbita, AVC, aneurismas em jovens, aumento assustador de suicídios. A vida, nosso bem maior, pode acabar. É bom lembrar que a vida não tem preço, nem etiqueta. Não há dinheiro que possa recuperá-la. A medicina, por mais que tenha evoluído, ainda se mostra impotente diante de tantas doenças incuráveis e de tamanha agressão que o próprio homem comete a si mesmo (a autoagressão).
Mal da humanidade: a GANÂNCIA. Adoecemos pela ganância, pela vida rápida, que promete instantaneamente o acesso a todas as coisas, o atendimento rápido de todas as nossas necessidades e desejos. Adoecemos e estamos adoecendo o nosso planeta também. Ele está febril, doente, pedindo socorro através das variações climáticas constantes, do aquecimento global que produz catástrofes a cada dia, a cada instante. A ganância, que trouxe esse sentido de urgência e essa aceleração toda, nos levou ao aquecimento global e nos levará a uma possível destruição do nosso planeta que é a nossa casa, o nosso lar.
Ah, se tivéssemos mais tempo para fazer o que realmente desejávamos fazer, para estar com quem realmente queríamos estar, um tempo para verdadeiras conquistas! Será possível transformar esta triste realidade em algo fundamentalmente palpável, concreto, autêntico e verdadeiramente significativo?
Novo estilo de vida: As cidades do bem-viver e o estilo de vida Slow Food:
Controlar o tempo: Esta ambição humana, tão antiga quanto os povos remotos, na Itália ganhou um novo significado. Lá começou uma experiência inovadora que está sendo considerada uma das saídas para a salvação do planeta: diminuir o ritmo, ir mais devagar, com calma.
A ideia do movimento “Slow Food” que está se espalhando pelo mundo, é promover mudanças profundas de mentalidade e estilo de vida!
Citava anteriormente os grupos que se formam no intuito de transformar esta realidade propondo uma força-tarefa que convida todos os países do mundo a participar deste novo estilo de vida.
Um pouco de história: este movimento se espalha hoje pela Europa, tendo sua origem na Itália, mais precisamente na Toscana e em cidades vizinhas: as "Cidades do Bem Viver". Numa dessas cidades, quando a Guerra Fria acabou e o Muro de Berlim caiu, a cidade corria o risco de desaparecer do mapa, pois todos os seus habitantes viviam da Indústria Bélica, produziam as armas que abasteciam a guerra. Com o fim da guerra, no final dos anos 80, o povoado não sabia mais como sobreviver naquela região. Foi quando o prefeito, na época, enviou uma carta a cada uma das 2500 famílias dizendo: “Quem tem ideia e vontade de investir na cidade, nós vamos ajudar”. O prefeito reuniu as famílias e convidou a todos para uma mudança de mentalidade.
A cidade tinha vocação para o turismo, mas o prefeito queria mais: não queria que a cidade fosse apenas conhecida como mais uma das cidades turísticas do mundo. Queria implantar um novo estilo de vida resgatando as tradições daquele povo, a história da região, unindo o presente, o passado e o futuro, combinando os ingredientes principais: o amor a terra, aos que vivem dela, a dignidade humana pela valorização do homem do campo e a valorização de todas as habilidades de seus cidadãos. A hospitalidade associada ao resgate cultural, das artes, da escultura, da pintura italiana, valorizando cada detalhe daquela região, cada habilidade encontrada em seu povo foi a saída para que hoje fossem reconhecidos mundialmente como uma das Cidades do Bem Viver, a capital mundial da qualidade de vida, fruto de tantos outros movimentos em prol da recuperação do nosso planeta.
O movimento Slow Down tem sua origem na Itália através do movimento Slow Food, o qual nasceu em Toscana e está se propagando pelo mundo a fora. Nova Iorque começa a se render a essa nova proposta de vida.
No Brasil, temos grupos ativistas que perpetuam a proposta do movimento Slow Food. Este movimento tem como filosofia a crença voltada para o direito de que todos possam comer bem, defendendo a herança culinária, as tradições e a cultura de cada povo, tornando possível o prazer em comer bem e viver bem. Assim, o Slow Food segue o conceito da ecogastronomia, respeitando a biodiversidade, reconhecendo as fortes conexões entre o prato (as escolhas que fizemos) e o planeta.
Precisamos resgatar nossas origens, nossos valores humanos. O futuro pode ser bem melhor se o passado não for esquecido, se os valores éticos e morais não forem abandonados. A vida pede passagem! Faça a sua parte!


 

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