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Papai, mamãe!! Papai Noel existe?

09/12/2020

Datas comemorativas como a Páscoa, o Natal, geram dúvidas sobre como tratar os símbolos com as crianças, no caso o “Papai Noel”. A alegria dos pequenos leva a maioria dos pais permitirem a fantasia, que em algum momento da vida será descoberta. Independente do assunto em questão, é importante para o bom desenvolvimento emocional responder com honestidade e transparência às perguntas que são feitas.

Quanto ao Papai Noel observamos que dizer que ele é quem traz brinquedos sem induzir a um processo de reflexão sobre o seu significado é enganar a criança e principalmente a si mesmo. Iludir é substituir o espírito crítico e o desenvolvimento de uma inteligência emocional por um pensamento mágico e limitador, o qual ainda faz parte da cultura da nossa sociedade que alimenta a fantasia de um mundo idealizado e, portanto, irreal.

Levar a criança a conhecer a verdade é dar a ela condições para lidar com aquilo que a vida apresenta a todo momento: a dualidade entre o bem e o mal, o bom e o ruim, a alegria e a tristeza, o prazer e a dor, incluindo todas as possibilidades de superação. Ajudar a criança a entrar em contato com a verdade é tratá-la com respeito e consideração, além de reconhecê-la como um ser humano capaz de lidar com o princípio do prazer sem perder a noção dos limites e das possibilidades que a realidade lhe apresenta.

Criar um mito para a criança é ensiná-la a acreditar num mundo inexistente. É importante considerarmos que os nossos desejos são possíveis de realizar, se estivermos em contato com o que existe de fato. A fantasia alimenta idealizações que não se sustentam em longo prazo. Enquanto a verdade propõe possibilidades de realização dos desejos e das motivações do ser humano. E isto é possível se considerarmos todos os recursos disponíveis, internos e externos.

Para as crianças que se aproximam da descoberta que Papai Noel só existe no mundo da fantasia sugiro que pais e educadores tratem a criança como uma pessoa capaz de compreender os significados que nossa sociedade coloca em cada símbolo. Ou seja, a criança precisa compreender que o coelhinho da Páscoa é um símbolo que representa vida, nascimento, esperança, fé, solidariedade, fraternidade e outros. Neste sentido, é importante para a criança associar esses símbolos aos valores éticos e morais que contribuem significativamente para a formação do seu caráter e para o processo de socialização e integração na sociedade.

Compreendendo e internalizando os valores humanos, a criança também entenderá que nossa sociedade se organiza a partir destes valores e que as normas, regras e leis são feitas para o bem de todos, para que todos possam viver de um modo mais saudável e pleno. Esses símbolos servem como reforços positivos das figuras do pai e da mãe, responsáveis pela construção do sujeito, pela formação do caráter e da personalidade. Simbolizam os pais suficientemente bons que ajudam no processo da estruturação do indivíduo, representados pela figura de Deus ou de Jesus, ou outra da sua crença e religião. A sociedade, deste modo, também tem um papel importante na vida emocional da criança.

As instituições de ensino e as instituições religiosas reforçam o papel dos pais no desenvolvimento psicossocial das crianças. Através delas, a criança internaliza regras, normas e preceitos de um mundo que objetiva organizar-se de um modo saudável para que todos os cidadãos possam tratar a si mesmos e aos outros de um modo responsável e humano. Portanto, o coelhinho da Páscoa e o Papai Noel são figuras representativas, imbuídas de muito significado. Os pais perdem tempo e a sua própria função quando entram somente no mundo da fantasia, quando deixam de cumprir com o seu papel maior que é educar a criança para uma sociedade mais fraterna, solidária e humana, menos discriminatória e mais pacificadora.

Quanto à conotação religiosa da Páscoa ou outras datas, independentemente de crença ou religião dos pais, é importante que a criança internalize valores éticos e humanos capazes de formar seu caráter e sua personalidade.

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