11/10/2020

Doze de outubro, data instituída no calendário anual para lembrar das nossas crianças. Mas criança precisa mesmo de uma data para ser lembrada? Sim, talvez seja necessário. Em tempos de barbárie, creio que seja imprescindível comemorarmos esta data na tentativa de humanizar o ser humano. Para sempre lembrar de todas as crianças:

• Das crianças que nascem em “berço esplêndido”, não apenas com recursos materiais que garantam uma boa estrutura para sua subsistência, mas que possuam o essencial que é o AMOR, a PROTEÇÃO, a SEGURANÇA EMOCIONAL. Para que todos os seus sonhos permeiam seu mundo interno. Para que a memória afetiva traga sempre a lembrança destes quando a vida lhe trouxer os maiores desafios.

• Das crianças que sofrem as perversidades em um meio familiar onde elas próprias depositam toda sua confiança em seus agressores. Não é nada fácil para estas crianças conviverem com pais agressores, abusadores, aniquiladores. Pais que cometem violência doméstica velada, violência psicológica e física. Que ameaçam constantemente seus filhos.

• Das crianças que sofrem violência sexual, as que são abusadas por anos a fio por aquele, e aquela, que deveria proteger sua integridade física e psicológica.

• Das crianças que são assassinadas por balas perdidas enquanto brincam no quintal da casa de seus pais ou vizinhos.

• Das crianças filhas de traficantes que perdem seus pais pelo crime e seguem sua vida por caminhos sombrios, muitas vezes perdendo sua ingenuidade, a esperança, os sonhos, a beleza e a leveza que a vida também possui.

• De todas as crianças do planeta! Todas as crianças sem nenhuma exceção. Todas merecem nosso olhar de reconhecimento, nossa reverência, nosso amor, um amor que deveria ser incondicional. A criança ainda não tem a maldade do homem, do adulto, ainda não carrega, em seu caráter, as perversidades da nossa sociedade, ainda tem esperança na vida e vê o mundo colorido, onde todos são bons.

A todas as crianças, o meu profundo sentimento de amor, compaixão, reconhecimento não somente de sua existência carnal, mas também psíquica-emocional e espiritual. Seres que provam que nossa compreensão ainda é muito limitada e que existem muito mais coisas entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia.

Ao olhar uma criança a brincar, me encho de esperança em dias melhores. Lembro-me da minha criança quando brincava e sonhava com uma vida digna para todos. Quando acreditava que a vida seria mesmo um conto de fadas. É preciso sonhar, é preciso ter esperança. As crianças têm essa capacidade. Elas confiam no sagrado, elas têm fé. Algo que nós, adultos, perdemos com tanta violência impressa no nosso país. Violência de boa parte dos políticos que se corromperam e nos decepcionaram profundamente, tornando nossa vida muito mais difícil. Um mundo perdido pela ganância, pela prepotência, arrogância e por muito apego à matéria.

Que a Vida proteja nossas crianças, que a Vida sempre traga um sopro de esperança, de amor e de acolhimento, sempre que elas precisarem.

Feliz “Dia da Criança” para todas as crianças, sem esquecer daquela que ainda habita em nós!