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Como viver num contexto de perversidades?

11/04/2022

A palavra “perversão” resulta de per + vertere (ou seja, pôr às avessas, desviar) designando o ato de o sujeito perturbar a ordem ou estado natural das coisas.

Assim, de acordo com essa significação, o conceito de perversão foi estendido, em função de alguns autores, para uma abrangência que inclui outros desvios que não unicamente os sexuais, como seriam os casos de perversões morais, as sociais (casos em que o conceito de perversão fica muito confundido com o de psicopatia), as institucionais (algum desvio da finalidade para a qual a instituição foi criada), etc.

De acordo com o conceito de perversão, podemos classificar nossa sociedade dentro de uma cultura psicopática, portanto, extremamente comprometida em seu funcionamento. A avalanche de acontecimentos estarrecedores que presenciamos diariamente no meio político nos faz pensar em como a família, a escola, as instituições e os órgãos responsáveis pelo cumprimento das leis podem se manter íntegros em meio a um “discurso” tão demagógico e, por que não dizer, tão “perverso”.

Como provar aos jovens (que são o futuro do nosso país) que os valores éticos são realmente essenciais à vida do ser humano, também para manutenção da integridade e do equilíbrio de nossa sociedade, se o exemplo (ações) de muitas autoridades não condiz com o discurso proferido? Como assegurar os ganhos reais que se tem pela preservação da ética se muitos se sentem rejeitados e são excluídos por terem essa consciência?

Conquistamos a democracia a duras penas. Porém, nossa sociedade com o reforço de algumas lideranças, algumas que elegemos (é bom lembrar), tornou-se permissiva diante das transgressões. A permissividade nos tornou impunes e insensíveis. Somos co-responsáveis por esses crimes. Somos cúmplices por nossa conivência.

A sensação de impunidade leva as pessoas aos consultórios de psiquiatria e de psicologia, com transtornos de ansiedade, ataques de pânico, fobias e “paranoias” de uma sociedade que adoeceu em sua capacidade de discernimento. Muitas famílias buscam ajuda com psicoterapeutas e educadores por perderem a "autoridade" que tinham pelos maus exemplos que nossa sociedade alimenta (e faz questão de alimentar).

Que autoridade é essa onde a lei se torna conivente à corrupção, onde os justos e os “corretos” acabam passando por neuróticos obsessivos? Onde os valores éticos e morais acabam sendo distorcidos e deturpados a favor de interesses pessoais. Como se agir corretamente, eticamente, lhes outorgasse o título de lunáticos ou "esquizoides".

O que presenciamos na atualidade é o estímulo de uma sociedade perversa que força as pessoas a entrarem nesse “esquema”, nesse jogo de interesses, nessa barganha, deixando às margens aqueles que buscam o caminho da ética e dos valores humanos. Parece ter se estendido uma grande lona sobre os brasileiros onde todos podem se tornar personagens desse circo de horrores.

Parece ser uma visão pessimista, a que destaco. De tudo, uma visão realista, de quem constata isso todos os dias, até mesmo no cotidiano de nossas vidas.

Cidadão brasileiro, não caia nesse jogo perverso! Não seja uma moeda de troca. Precisamos mudar esse cenário. Maquiar, fazer de conta, viver no mundo da fantasia e da negação da realidade é entrar no jogo da perversão, da psicopatia, é chorar “lágrimas de crocodilo”, é morrer moralmente, é perverter-se!

Abrimos uma brecha para entrar nesse jogo perverso, mesmo "inconscientemente", seja pela negação da realidade ou por qualquer outros mecanismo defensivo. Não caia nessa armadilha! Os sociopatas estão em toda parte e às vezes moram ao nosso lado ou na nossa casa.

Preste atenção: "orai e vigiai", principalmente seus pensamentos para não cair no jogo de interesses e de barganha. Você pode ter uma vida digna, honrosa, atingindo seus propósitos sem se corromper. Sua consciência é seu guia.

Façamos a nossa parte em prol do coletivo.

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