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Síndrome do Fim do Ano

17/10/2020

O fim do ano se aproxima e com ele todas as nossas expectativas, projetos e investimentos passam por uma espécie de balanço anual. Assim como assistimos aos programas televisivos que apresentam os principais acontecimentos do ano, também nos reportamos para o que construímos (ou não) nesse período através das nossas escolhas e da forma como enfrentamos as situações que nos foram apresentadas.

É comum psicólogos e psiquiatras receberem uma demanda maior de atendimento a partir do segundo semestre do ano. A demanda aumenta ainda mais quando nos aproximamos do final do ano. As pessoas, de modo geral, se mostram mais estressadas, angustiadas e deprimidas. É a síndrome do fim do ano. Um acontecimento que se repete a cada ano com as mesmas características comportamentais.

Obviamente que precisamos fazer uma leitura apropriada dos fatores que interferem na mudança de humor que todos, em alguma ocasião, podem experimentar. Não devemos estabelecer um diagnóstico com base exclusivamente nos transtornos de humor sem considerar o contexto histórico, social e familiar de cada indivíduo. É fundamental saber diferenciar o que faz parte do momento em que vivemos (fase do desenvolvimento humano, possíveis crises vitais) das influências do meio, os aspectos culturais, a forma como lidamos com as nossas próprias expectativas.

Considerar os múltiplos fatores envolvidos nesse processo faz enorme diferença na hora de avaliar se estamos sofrendo o impacto dos agentes estressores de ambiente e se é hora de pedir ajuda de um profissional especializado para poder checar nossas reações e o nosso estado de humor frente a essa demanda. Em outras palavras, podemos ter, ao longo da nossa vida, momentos de tristeza e ansiedade alternados com momentos de alegria e positividade. Porém, se apresentarmos um humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades que fazem parte da nossa rotina, podendo incluir características de irritabilidade constante por pelo menos duas semanas consecutivas, estaremos vivenciando um “Episódio Depressivo”.

O Episódio Depressivo é diferente do Transtorno Depressivo Maior, mas deve, sim, chamar a atenção da pessoa que o experimenta procurando identificar os principais pontos ou fatores que contribuíram para esse quadro. Toda pessoa que passa por pelo menos um episódio depressivo deve ficar atenta às possíveis causas que determinaram o surgimento dos sintomas. Porque a pessoa pode estar sinalizando uma tendência ao desenvolvimento do Transtorno Depressivo Maior (a chamada “Depressão”). Sendo que este, por sua vez, é caracterizado por um ou mais Episódios Depressivos.

A saber, o Transtorno Depressivo Maior, o Transtorno Distímico e o Transtorno Depressivo Sem Outras Especificações são denominações utilizadas para diagnosticar um distúrbio específico de humor que se caracteriza pela sintomatologia, produzindo prejuízos significativos no estilo e na qualidade de vida das pessoas.

No caso do Transtorno Distímico: este é caracterizado por um humor cronicamente deprimido que ocorre na maior parte do dia, por pelo menos dois anos. É importante destacar que existe diferença entre o Transtorno Depressivo Maior, também identificado como “Depressão Unipolar” e o Transtorno de Humor Bipolar, comumente chamado de “Bipolaridade” ou “Transtorno Afetivo Bipolar”.

Na dúvida, é sempre bom consultar um médico ou um especialista no assunto. No caso, o psiquiatra e o psicólogo, para buscar um diagnóstico diferencial. Assim, o diagnóstico é realizado com base em entrevistas psiquiátricas e avaliações psicológicas. Sendo que o tratamento para esses transtornos inclui, muitas vezes, a administração de medicamentos específicos para cada caso, os psicofármacos, e a associação de psicoterapia visando auxiliar a pessoa na mudança de hábitos e comportamentos. As terapias complementares também exercem um papel fundamental na melhora do paciente.

Também é bom reforçar o fato de que um diagnóstico correto implica na administração adequada de medicamentos e outros tratamentos combinados, resultando na melhora gradual e significativa da qualidade de vida da pessoa.

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