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Por que procurar ajuda psicológica?

21/06/2021

Fico agradecida por confiarem a mim a importante tarefa de ajudar a trazer à consciência uma percepção mais ampla a respeito do sofrimento emocional. É dessa maneira que o campo analítico vai se construindo, a partir da confiança depositada no trabalho do psicoterapeuta e no contrato que se estabelece com o mesmo propósito: encontrar a raiz do problema, o conflito que que gerou o impasse ou o sofrimento. É de fato um campo a ser profundamente respeitado. É no campo terapêutico (setting de trabalho) que gradativamente a história que está inscrita no psiquismo do paciente vai se revelando.

Mantendo os princípios éticos em vigência com o sigilo das informações processadas nesse campo analítico e o respeito mais profundo que se possa ter pela história que se revela a cada sessão, a cada encontro, abrimos um espaço para a manifestação das emoções e vivências significativas daquele que está revelando sua história de vida.

Não é fácil expor, a si mesmo, a sua dor. Para resolver seus conflitos é preciso entrar em contato com as feridas emocionais. Vivenciá-las novamente é sentir a dor, a dor da alma, a mesma dor que as originaram. As feridas da alma são as mais difíceis de se enfrentar e de se tratar. É preciso coragem, persistência e determinação na superação de suas dificuldades e possíveis resistências.

O preço da liberdade consiste em revelar as partes que compõem o indivíduo, lembrando que cada indivíduo é um grupo, pois carrega em si inúmeras representações parentais e sociais. Um dos objetivos na psicoterapia é reencontrar o SER íntegro e indivisível que se hospeda em cada um de nós, no nosso íntimo, e que por suas experiências talvez precisasse de uma nova roupagem ou de identidades e representações sociais que serviram como disfarces para evitar possíveis “ataques” ao seu "EU-íntegro".

Pessoas que iniciaram sua vida com base na experiência de um profundo desamparo emocional tendem a desenvolver fortemente alguns mecanismos defensivos para se protegerem de situações traumáticas ou ameaçadoras. São pessoas que podem ter dificuldades para se vincular, por exemplo, para pertencer a relações de boa qualidade afetiva. Podem ter dificuldades em relacionamentos interpessoais.

Frequentemente esperam que a sua história de desamparo, de abandono, de solidão seja reparada por meio de outros relacionamentos afetivos. Não raro encontramos histórias de pessoas que se protegem da possibilidade da entrega (da intimidade) na tentativa de evitar a repetição do padrão do abandono e da rejeição.

Firmar um vínculo afetivo real sentindo-se amado e percebendo que a experiência é válida pelos ganhos reais obtidos pode lhes parecer aterrorizante. Correr o risco de perder algo que tanto se desejou pode ser ainda mais doloroso do que eternizar a fantasia em possuir a pessoa amada e idealizada: o parceiro perfeito.

Esses são alguns aspectos que permeiam o campo analítico, a busca por ajuda psicológica. Muitas sociedades afetivas se firmam nas bases do relacionamento parental com o propósito de preencher as lacunas do passado. São crianças em corpos adultos tentando dar conta de suas carências afetivas. E assim o "meio de campo" vai embolando e os conflitos reeditados em outros cenários da vida da pessoa.

Saída para esses dilemas? Resgatar a si mesmo revelando o sujeito que habita seu corpo físico, composto de desejos e uma gama de necessidades afetivas e psicológicas que se bem atendidas podem levar a pessoa a um sentido maior de gratificação e realização em sua vida. É possível tornar-se autor de sua própria história de vida.

Uma pitada de ousadia faz toda a diferença na busca por autoconhecimento.

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